Frankenweenie, uma história de terror no cinema
20/11/12 10:40Ontem, no meio do feriado prolongado, resolvemos ir ao cinema. Apesar da oferta relativamente grande de filmes infantis em cartaz (mais de 4!), no horário que queríamos, que era as 18 horas, e perto de onde estávamos, só estava passando o filme novo do Tim Burton, o Frankenweenie em 3D.
A classificação indicativa era de 10 anos, e eu, mãe moderna que não acredita nesse tipo de coisa antiga como classificação indicativa, resolvi passar por cima, afinal, o meu filho, de 4 anos, é louco pelos filmes de super heróis, cuja classificação indicativa sempre é por volta de 12 anos ou mais e ele gosta muito do “Estranho Mundo de Jack”, filme que não é dirigido pelo Tim Burton mas é baseado em seus personagens e produzido por ele mesmo.
Bom, fui uma jênia, com J mesmo de tão tonta. Deu tudo errado. Entramos no cinema, cada um com seu óculos 3D. No começo estava todo mundo bem, comentários durante os trailers do tipo “olha que legal! parece que dá para pegar a água que espirra da tela!” ou “ai, o trenó vai bater em mim!” nos deram a impressão que desta vez o 3D rolou, que as crianças finalmente entenderam como funcionava e estavam gostando.
O filme começou: preto-e-branco, sombrio, a música mais soturna. Os meninos começaram a ficar inquietos na cadeira. Lá para a metade do filme, um deles falou: “Quero ir embora, estou com medo”. Os outros dois rapidamente concordaram, e eu e o pai de um deles demos mãos para cada um, colocamos no colo dizendo que a parte do medo ia passar. Mais um pouco, e rola um “estou com MUITO medo, vamos embora?” Aí não deu mais para segurar, saímos rapidinho da sala de cinema, na metade do filme.
Moral da história? Às vezes, a classificação indicativa tem um porquê e tendemos a achar isso uma babaquice. Falo isso por mim, mas sei que vários pais e mães também crêem que sabem o que é o melhor para seus próprios filhos e que não precisam de indicação etária ou que já são crescidos o suficiente para assistir o que quiserem. Também não estou dizendo que não sabemos de nada e que temos que seguir fielmente o que nos dizem.
Eu estava achando o filme um amor, adorando as referências a filmes de terror antigos, tão camp e kitsch que não dá para (um adulto) ter medo, a animação de bonecos é primorosa, enfim, é tudo muito lindo. Mas eu caí no erro crasso de usar o meu gosto e conhecimento como padrão para meninos de 4 anos. Não usei o meu bom senso, fui completamente sem noção.
E aí eu me pergunto o quanto de noção a gente tem na hora de escolher ou deixar escolher os filmes a se ver. Honestamente? Não tenho a menor idéia. Não vou entrar aqui na questão da violência ou da sexualização da infância em si (assuntos que rendem infinitos posts, textos e discussões), mas na noção dos pais no que tange: 1. o que as crianças aguentam e podem ver e 2. o quanto nos ocupamos realmente disso.
Está lançada a pergunta. Como é que vocês fazem em casa?
Minha filha mais velha veio com uma outro dia… ‘não sei como vcs me deixaram ver esse filme’, se referindo a um que eu nem achava ser tão amedrontador. Coisas assim acontecem. Uma maneira que tenho de evitar isso é ouvir a opinião das pessoas sobre a programação em cartaz. Espero o tititi… que bom que vc postou isso, Clá!!
estive pensando entre um post e outro: se bem que ouvir as pessoas pode tb não ser garantia… levei para ver a peça ‘saltimbancos’, por indicação e era horrível… Acho que vc fez certo saindo no meio do filme… e é legal conversar isso com as crianças sobre o ocorrido… “vamos deixar esse filme para quando vc estiver maior” que ai eles vão entendendo que as coisas podem ser relativizadas… Algo que pode ser legal para todo mundo, pode não ser legal para ele…
pois é Penha, gostei dessa de falar “vamos deixar esse filme para quando vc estiver maior”, talvez funcione melhor, vou usar!bjs
Meus filhos adoram os filmes sangrentos, tipo panico e premonição, não são exatamente de terror. Cada vez que lançam filmes do gênero eles querem assistir, como medida eu (apesar de não gostar nenhum pouco) assisto antes, para ver se não há nada que possa ser ofensivo demais, em termos sexuais ou apelativos, ou até mesmo que cause medo, pois os dois tem 7 e 10 anos.
É uma saída para decidir o que eles podem ver.
Oi Leone, pois é. Mas aí é um pouco trabalhoso no sentido que a cada filme você, que pelo visto não gosta do gênero, tem que assistir o filme inteiro. Aí também acho que não dá muito pé. Acho que no caso das crianças que estavam comigo, fomos meio sem noção, porque a recomendação era para 10 anos e eles tem 4. Viagem nossa. O que eu fiquei pensando é justamente por que é que eu não segui a recomendação? Sabe? Me senti uma idiota, do tipo “eu sei o que é melhor para o meu filho, quando no caso eu claramente não sabia!
bj,
Clarice
Acho que é uma questão de ambientar os filhos ao cinema “Tim Burton”. Tente assistir com ele “a noiva cadáver”. Segue o padrão, inclusive com os mesmos traços dos personagens. Passe adiante para “coraline”, que, apesar de não ser um Tim Burton, segue o estilo stop motion. Por fim, tente oferecer em dose homeopáticas ” a casa monstro”, bobinho, mas com sustos clássicos de “hitchcock”.
Eu fiz assim e o meu filho consegue assistir numa boa, inclusive, assistindo frankweenie em 4d no JK.
Rodrigo, os meninos adoram o Nightmare Before Christmas, que apesar de não ser dirigido pelo Tim Burton, é baseado em seu universo de personagens, então, de certa forma, eles estavam ambientados, sabe? Acho que o filme tem coisas que são difíceis, ou melhor, dolorosas, de lidar para crianças de 4 anos, como a morte de um ser querido, os signos de filme de terror, que na noiva cadáver talvez sejam atenuados por não se tratar da morte do bicho de estimação, sei lá. Acho que a questão da perda junto com o tom mais funesto do frankenweenie pesaram na conta dos meninos. Mas também é questão de fase, daqui a pouco eles começam a achar graça! bj
Quando criança, minha mãe me levou para ver o Império do Sol, achando que era só mais uma aventura dirigida pelo Spielberg e era um drama de guerra. Confesso qe fiquei com um trauma gigantesco…
POis é João! Eu tenho um certo trauminha do ET… até hoje não me recuperei!
Meu sobrinho teve pesadelos com o ET e durante o filme comeu a gola da camiseta, rsssss
Levei meu filho de 6 anos para assistir Frankenweenie. Ele gostou, mas ficou com um certo medo no final. Assistiu os últimos 5 minutos do filme no meu colo, mas foi. Acho que as classificações indicativas não podem ser levadas a ferro e fogo. Também, pudera. Quantas existem? 2? 3? Menores de 10 anos! Menores de 14 anos. Sei lá, mas como enquadrar todos os filmes infanto-juvenis que existem nesses pequenos grupos? Me lembro quando levei meu filho para assistir Toy Soty 3 no cinema. A cena final do lixão o fez chorara desesperadamente! E me limitei a tentar acalmá-lo falando que tudo iria terminar bem, mas confesso que naquele momento eu não acreditava nisso. Quem viu o filme deve concordar. O melhor seis vermos os filmes antes, mas quem aguenta uma sessão de cinema infantil sem as crianças, para de3pois rolar um repeteco com os pequenos?
Pois é Luis, eu escrevi exatamente isso em resposta a outro comentário. Acho que aí é não levar a classificação indicativa à sério tão a ferro e a fogo quando quem leva, sabe? O que me deixou grilada na verdade, é porque eu não levei nem em consideração a classificação. Porque no seu exemplo, do Toy Story 3, tem uma coisa que eu acho que a gente sempre fica tentando proteger nossos filhos de situações tristes e que essas, infelizmente (ou felizmente, né?) acontecem. E que também é legal ir no cinema e ter uma explosão de tristeza, de chorar, ajuda também a expurgar dramas interiores, sabe? Como no Bambi, Nemo, Dumbo, são filmes lindos e tristes, ou pelo menos, com partes tristes. Isso eu não encano tanto, mas com a coisa do medo talvez eu encane mais. Enfim, até porque, no caso, os três meninos estavam mais com medo dos signos de filme de terror baratos do Tim Burton (que eu estava achando engraçados e fofos) do que com a história do bicho ressussitado, sabe? Enfim, assunto bom de se conversar! bj
Com o seu relato espero que a classificação infantil esteja ajudando atualmente, ou seja, não é um artifício comercial. Em outros países a classificação auxilia os pais na decisão de abordar ou não determinados assuntos. Lembro de várias crianças pequenas chorando até o soluço ao assitirem Rei Leão. Creio que abordar temas com as crianças é uma arte, já vi pais extremamente habilidosos e outros (Éh, eu) que não conseguiram explicar porquê se come cérebro de macaco no filme (Indiana Jones) e a criança ficou enjoando dois dias.
Ahahahahahahahahahaha! Ai Marcos, me desculpa, mas a história do Indiana Jones é muito boa! Pois é, eu me lembro que eu e os meus irmãos morríamos de nojo da cena do banquete do cérebro de macaco no Indiana Jones, mas confesso que a gente também amava essa cena. Assistíamos o filme quase todas as semanas, tamanha febre! bj
Eu assisto antes na internet, depois mostramos as criancas. nao assistimos no cinema nunca, pelo preco, pela impossibilidade de trocar de filme se houver problemas sem que acarrete pelo menos mais gasto, ou coisas similares. minhas filhas, agora com 15 e 18, assistiram de de tudo, SEMPRE com a gente do lado conversando e explicando (impossivel de se fazer num cinema), e assistiram O Exorcista com 6 e 9 anos, numa boa. E antes do filme, a gente explica o roteiro brevemente, e ja avisa que vem parte que da medo. Proteger demais nao adianta. Hj em dia elas assistem de tudo, inclusive por causa delas assisti The Grave of the Fireflies, e eu fiquei chorando uns 3 dias seguidos sem parar (elas fizeram comigo de sacanagem, o filme eh belissimo e tristissimo).
Mas Danielle, isso significa então que vc incentiva a pirataria ao lado de seus filhos? Vc baixa os filmes antes? Ou eu entendi mal?
Oi Danielle, eu adoraria ter esse tempo de assistir o filme antes e depois assisti-lo novamente com as crianças. Mas infelizmente não consigo. Acho que a classificação indicativa serve para balizar a gente, e eu acho que fui sem noção justamente por não reconhecer essas balizas. Mas também acho que esperar um programa à prova de furos é praticamente um sonho impossível, sempre tem uma variável que não dá para contar. Não fazer o programa por conta disso eu acho uma pena, mesmo que seja de vez em quando. Mesmo que seja apenas para experimentar um filme numa sala de cinema, que é muito diferente de assistir o filme em casa, né? Bom, também gosto muito do Grave of the Fireflies, é do Estudio Ghilbi, né? Eles são muito bons nesse jeito de fazer filmes lindos, tristes, felizes, enfim, essa mistureba de emoções que é a nossa vida. As suas filhas não te sacanearam não! Elas te deram um belo de um presente, hein? bj
Meu filho de 9 anos adorou e para nos dois foi uma linda historia de amor de um menino pelo seu cao.
Problema não é só a adequação do que passa na tela. Mas na plateia também. A partir dos 10 anos, as crianças já têm consciência (lógico, se ensinadas pelos pais) de que cinema não é o sofá de casa, que as pessoas sentadas ao redor têm o direito de ouvir o que é dito no filme, não o dever de aguentar o que é dito por quem está sentado do lado. Não se pode esperar isso de meninos de quatro anos, é óbvio. Cabe aos pais terem essa noção de respeito ao outro.
Concordo plenamente. O problema da maioria dos pais é que, além acreditarem que sabem o que é melhor para os filhos, continuam agindo sempre em função do seu núcleo familiar e esquecem que a gente vive em sociedade. Ensinar filhos a respeitar regras é o mínimo que se espera. Ao contrário continuaremos vivendo neste caos onde ninguém respeita mais nada e nem ninguém.
iiiiih Ana Luisa, acho que você tem frequentado cinemas melhores que os que eu frequento. Geralmente são adultos que eu escuto conversando no celular, com o outro, acho que esse problema de adequação rola em qualquer idade… ;ˆ)
Sim, concordo. Tanto concordo que em momento algum eu escrevi que apenas crianças, mas não adultos, conversariam no cinema. Só limitei meu comentário ao egoísmo de pais que não pensam nos outros ao deixar de adequar programas às idades dos filhos. O que não significa que eu pense que adultos são sempre educados durante uma sessão de cinema. Como vc bem disse, falta de educação não tem idade. 🙂
Eu realmente acho isso espantoso. Desde criança e hj com meus filhos nunca presenciei esse fato de “ter medo” em produtos mediáticos. Vi poltergeist na TV aos 10 e meu irmao aos 6. Para nós era óbvio que ra um filme apenas. Se estava na TV não tinha como nos ferir. Com meus filhos vejo que a apreciação deles é igual : curtem a história mas percebem que algo da tela (ou até do livro) não tem como ferir. O mais novo tem 4 anos e o mais velho 8. E eu nunca precisei dizer isso a nenhum deles.
não sei. mesmo. é sempre difícil decidir o que o meu pode, deve, consegue ver. só sei que eu, até hoje, não superei a morte da mãe do bambi.
E eu a morte da mãe do Dumbo… foi horrível!
Pois é Kelly, a morte da mãe do Bambi é um grande trauma infantil, ehehe. Mas o filme é lindo, né? E precisamos da parte da morte da mãe para acompanhar o crescimento do Bambi, senão não teria a menor graça, aliás, não teria nem história, né? :ˆ)
aaahahahahahha tenho 35 anos e minha mãe conta que eu tive um ataque no cinema quando a mãe do Bambi morreu …comecei ” MÃE VC VAI MORRER TAMBÉM” …
A pobrezinha me tirou na hora da sessão e me levou para tomar sorvete ( santo remédio eeheh) .
Fui assistir hoje a esse filme sem ter “noção” do que se tratava, confiando apenas em…”Disney”…Meu filho, com 10 anos apertou forte minha mão por várias vezes.Ele Aguentou firme, e até disse no final que gostou.Mas muitas crianças menores gritavam apavoradas.E do meio para o final, só ficou mais assustador ainda…
Quando eu tinha uns 5 anos, passou (na televisão e de tarde) o filme “Joelma, vigésimo terceiro andar”. Pra quem não sabe, uma dramatização daquele horrível incêndio do edifício Joelma, com direito a cenas apavorantes de gente morrendo queimada e toques espíritas, com fantasmas aparecendo aqui e ali. Lembro de tudo e isso me rendeu uma fobia ao fogo durante o resto da infância. Eu tinha certeza de que a minha casa ia pegar fogo. Não sei como meus pais me deixaram ver isso.
Nossa, isso sim é que é experiência cinematográfica dramática, né Luciana? Afem! Mas deve ter acontecido algo do tipo espiar atrás do sofá, eles não estarem prestando atenção que você estava assistindo, não?
É complicado, quando minha sobrinha tinha 5 anos eu a levei para ver o Vale dos Dinossauros, ela quase morreu de tanto chorar e dizia que aquele não era filme para criança… rssssss, não dá pra saber o que vai afetá-los, quanto a prestar mais atenção neles e no que pode atingi-los, eu tento…
Tenho um filho de quatro anos. Sempre respeito a classificação indicativa. Vingadores só o desenho porque o filme não é para a idade dele.
E como você consegue responder à pressão em volta? Quero dizer, dos amigos em volta? Essa eu não consegui, apesar de achar que filmes como os Vingadores não rolam. Quando eu fui ver, ele já tinha visto homem-aranha, homem-de-ferro e quetais.
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