Via Láctea
13/04/13 00:01Bernardo, que tinha mordido a isca das aranhas de Marte, foi içado com rapidez para o alto e desapareceu de sua classe num espirro, deixando apenas uma mochila vermelha no chão. Enquanto isso, outras 35 crianças terrestres passavam pela mesma coisa: todas caíram no velho golpe do fio brilhante das aranhas de Marte e foram içadas com rapidez ao distante planeta.
A princípio, Bernardo sentiu frio ao ultrapassar a estratosfera, mas era tudo tão impressionante, que ele logo se esqueceu do desconforto. As estrelas, galáxias e buracos negros passavam por sua cabeça como num filme; tinha certeza de que, se esticasse a mão, tocaria nos cometas e asteroides que cruzavam seu caminho.
O espaço sideral era transparente e absoluto, infinito para onde quer que olhasse. Passou por nebulosas e constelações, deu uma volta por Saturno, quase conseguiu patinar em um dos anéis brilhantes. Foi a Plutão, o frio aumentou. Quando não dava para aguentar mais, começou a voltar em direção ao Sol.
Você pode achar esse caminho esquisito, afinal, pra que tanta volta se Marte é logo ali depois da Terra na ordem dos planetas? É que parte da estratégia das aranhas era dar uma maravilhada nas crianças –assim, todas chegavam abestadas, como se ser capturado por um fio que leva até outro planeta já não fosse maluco o suficiente.
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Essa é a 4ª parte da história Aranhas de Marte, o começo da história pode ser lido aqui:
Sou assinante da Folha há pouco tempo. Gostei da história, apesar de sessentona.
Oi Diva! Mas você tem acompanhado a história todas as semanas? Que legal! um beijo, Clarice