Teia de aranha
20/04/13 00:01As estrelas brilhavam com força no fundo dos olhos de Bernardo. A velocidade com que ia sendo puxado aumentava cada vez mais. Até que o menino sentiu o corpo ir de encontro a uma teia, algo como uma cama elástica. Foi quicando na rede até parar. Olhou ao seu redor: Que lugar estranho! Estava numa cratera escura, onde a única luz visível era a do céu sobre sua cabeça.
Ele percebeu que, quanto mais se mexia, mais preso ficava na teia. Apesar de estar escuro, grudado no que parecia ser uma teia gigante, Bernardo se sentia confortável e acolhido. Perdido em seus pensamentos, não percebeu um leve barulho crescente. Quase imperceptivelmente a teia voltou a vibrar.
As Aranhas de Marte se aproximavam de sua presa, e Bernardo nem percebia. Quando sentiu o bafo quente do bichoco marciano em seu cangote, o menino começou a berrar: “Não! Não me comam! Eu sou magrinho! Não tenho carne! Não! Não! Nããão…”
Marcelinha, colega de classe de Bernardo, sacudiu-o com força. “Bernardo, ô Bernardo! Acorda! A aula já acabou, está na hora de voltar pra casa!” O menino olhou para a cara da amiga sem entender muita coisa. Cadê a teia gigante? E as aranhas peludas? E a viagem espacial? Aturdido, foi saindo da sala sem perceber o fino e transparente fio grudado em seu mindinho, que ia para o infinito do céu.