Kung fu
04/05/13 00:01No salão vazio, o sol entra pelas janelas. Uma menina e um menino treinam kung fu. O ambiente é silencioso e calmo, mas, mesmo assim, eles fazem palhaçadas para a professora entre um golpe e outro. Ela não ri, tampouco faz cara feia, tratando-os com seriedade e ternura.
Poucas vezes na minha curta vida de mãe vi crianças serem levadas tão a sério. A cada chute ou sequência acertados, a professora olha seus alunos com aprovação, e o efeito do seu olhar é sentido mesmo por quem assiste à aula de longe.
E lá voltam os dois a executar o kati (sequência de movimentos e golpes que são a base do ensino do kung fu) –o primeiro sai mais ou menos, o segundo, bom, e o terceiro, bem melhor. Nenhum dos dois está competindo; eles estão praticando. E uma coisa é tão diferente da outra, né? Cada nova sequência é uma vitória sobre a anterior, melhor, mais acertada.
Penso com meus botões em como esse ambiente é muito distinto do que se imagina ou se propõe hoje em dia para crianças e adultos: sempre é preciso ter música, barulho, cor e diversão para valer. Parece que ninguém aguenta ou pode ficar quieto e concentrado –como se o silêncio fosse a morte e não apreciação do estar vivo.
Ao sair da sala, as crianças fazem uma reverência às fotos dos mestres daquela escola, que estão na parede, e, rindo, correm animadas para encontrar a mãe.
Muito bem dito. Parece que é preciso preencher o silencio com algo, quando na verdade, o silencio é um espaço para nós mesmos, nao precisa ficar “ocupado” pelo externo.
Testemunho essa cena acima a muitos anos, e digo que não poderia ser mais verdadeira
Muito bem observado o trabalho e a postura da professora. No silencio existem muitos sons. O difícil é acalma-los…uma arte a se aprender, e que poucos conseguem.
excelente!
Parabéns!!!
muito bom, mas corrigindo as formas/rotinas são chamados de taolu ( mandarim) ou chuen tou/kuen tou em cantones, o termo kati foi criado pelo Chan, Lop e espalhado pelo Li Wing Kay para tentar facilitar a compreensão dos brasileiros mas foi um erro do passado.
Alex, a professora disse kati, eu repito kati, não vou mudar o que ela me falou… Acho que pode ser justamente por conta dela ser filha do mestre Chan, não sei. Mas não me sinto à vontade para trocar ou corrigir o que ela me disse quando eu não tenho o menor conhecimento de causa. abs, Clarice
o termo esta correto, nao se preocupe. existe mais de uma forma de se dizer a mesma coisa me nossa lingua, por que nao seria assim nas outras? parabens pelas palavras, irei imprimir e deixar aqui na minha academia
Que texto incrível. Deu vontade de ver a aula dessas crianças.
ótimo texto. Parabéns!
Parabéns, conseguiu captar a verdadeira essência da doutrina, e o que realmente tem valor para quem entende o que é treinar Kung Fu
Minha filha pratica Kung Fu em Recife com Júlio Kushida, aluno do Mestre Chan, ela relatou a mesma sensação, sendo que corre e encontra o pai… que pratica Tai Chi na mesma escola.
kung fu para crianças (e adultos) é tudo de bom!