Para pais de primeira viagem nos diferentes estágios etários das crias, uma ótima dica (da minha própria mãe, ahaha) é a série de livros da Clínica Tavistock de Londres, que começa com o fundamental Compreendendo Seu Bebê de Lisa Miller. Os livros são editados pela Imago aqui no Brasil.
Reproduzo aqui um trecho do livro que a explica sucintamente : ” A Clínica Tavistock, em Londres, foi fundada em 1920 com o objetivo de tratar as pessoas cujas vidas foram dilaceradas pela Primeira Guerra Mundial. Hoje em dia, ela ainda se empenha em compreender as necessidades das pessoas, embora, não há dúvidas, os tempos e as pessoas tenham mudado. Atualmente, além de trabalhar com adultos e adolescentes, a Clínica Tavistock possui um amplo departamento dedicado a crianças e famílias. Ele oferece assistência a pais que acham assustadora a desafiante tarefa de educar seus filhos (grifo meu)e, portanto, possui uma vasta experiência com crianças de todas as idades. Propõe-se, de modo resoluto, a uma intervenção antecipada nos inevitáveis problemas que ocorrem durante o crescimento infantil e defende a idéia de que, se as dificuldades são logo percebidas, isto é, ainda a tempo, os pais são as pessoas mais adequadas para ajudar seus filhos a superá-las…”
Não é fácil ser mãe e pai de primeira viagem. Os palpites são infinitos, sempre muito bem intencionados, é claro, mas muitas vezes invasivos, preconceitusos e obtusos. Apesar da força da experiência que é dar a luz, as mães estão fragilizadas pelo cansaço, pela emoção, pela percepção, mesmo que difusa, de que a vida mudou pra sempre. Além do medo e insegurança que dá frente a essa experiência nova.
Bom, esse é um terreno fértil para palpiteiros em geral e acabamos ouvindo um monte de besteiras, de vez em quando um conselho útil. Em conversas com amigas, percebo que essa reclamação é recorrente e a dureza dessa situação é que muitas vezes estamos inseguras pra burro e esse monte de palpite só faz por a mãe pra baixo, se sentir a pessoa mais inapta do mundo para cuidar do seu próprio filho. E isso é um ABSURDO! Se existe algum especialista em seu filho, essa pessoa é você. Na primeira consulta com o pediatra, assim que o Benjamim nasceu, ele me disse isso. E me disse para seguir o meu instinto, porque por mais que ele fosse especialista em crianças em geral, naquela específica, era eu que sabia interpretar cada mudança no choro, cada arquejo do corpo.
Acabei misturando duas coisas aqui, que são próximas sim, mas que na verdade davam para estar separadas. Acho que escrevi isso aí em cima, porque os livros dessa série são exatamente o oposto da palpitaria e regras que ouvimos e lemos por aí. Eles vão contando como que a criança se desenvolve do ponto de vista psico-emocional e vão ilustrando as questões com casos clínicos. Nada é empurrado goela abaixo, os autores vão comentando situações que todos nós passamos e acredita, isso alivia pra burro! Além de tudo, os livros são curtinhos, numa linguagem acessível, não são tratados teóricos, muito pelo contrário.
Cada livro cobre um ano de desenvolvimento da mente e da personalidade das crianças, delineando progressos, problemas e ansiedades de cada etapa até a adolescência. A série também tem livro sobre crianças deficientes.
A bibliografia sobre desenvolvimento infantil é vasta, muitas vezes incompreensível por ser extremamente técnica, outras vezes por ser completamente rasa. O legal dessa série é que é acessível, de qualidade e sem nóia. Todo ano eu compro um dos livrinhos.
Acho que de tempos em tempos vou escrevendo sobre os livros que acabei lendo depois da gravidez, tem alguns que foram muito úteis para me acalmar, outros foram horrivelmente alarmantes que só fizeram me deixar mais ansiosa. Vou escrevendo toda semana dos que eu gostei.